terça-feira, 30 de outubro de 2012

Expresso do Tempo, Lá Vou Eu!


já faz algum tempo
que sentei-me
e não levantei mais
se levantei, foi do jeito errado
estourei o limite do tempo
ele passou
e eu não vi
tem um gosto sem descrição
perder o tempo precioso
sinto tudo mais distante agora
invenção minha talvez
mas eu sinto sim
que falta alguma coisa
é o tempo
esse tempo
que não passou
que ficou parado
e que não vai ficar na memória
porque simplesmente não houve
não houve tempo
vejo fotos
ouço boatos
vivo a vida dos outros
vivo sugando a vida dos outros
fico quieto
sintetizo tudo pra mim mesmo
carrego de letras, meu pensamento
esvazio-o mais tarde
despejo as letras no papel
esqueço-me dos problemas
acostumo-me com o vácuo momentâneo que a vida me impôs
e depois disso, dizem que o tempo passa mais rápido
como quando vivemos
nos acostumamos simplesmente
a viver
e os anos passam
e parece rápido demais
mas na verdade, fomos nós que sugamos coisas erradas
procuramos futilidades
encarecemos nossa vida em vão
as lembranças às vezes são fracassos
poderiam ser somente vitórias
mas o que acontece é que
não sabemos aproveitar nosso tempo
e nesse tempo perdido
perdemos nossa vida por alguns instantes.

não podemos evitar que o tempo passe,
mas podemos evitar que ele seja perdido.

domingo, 26 de agosto de 2012

desabafo em letras minúsculas

não sei nada
apenas mágoa
sinto, eu mesmo, sentir.
cansado de não sentir nada
cada vez mais
menos disposto
só sei escrever
o resto é desgosto
pelas ruas
tropeço na calçada
tropeço na vida
caio no meio da estrada
o valor de quem trabalha
de quem se sacrifica
ninguém compreende
ninguém explica
apenas temem
o meu fracasso
apenas julgam
o que não faço
e nesses versos
ninguém lê
ninguém vê
mas o grande responsável deste sofrimento
é você.
você que só sabe cobrar
você que não sabe amar
você que me vê errar
e apenas finge me ajudar
você que me vê cair
e não faz nada além de mentir
é tão cedo,
o tempo ainda é longo
mas já não aguento mais estas pessoas
acho que estou ficando louco
vivo todo dia a imaginar
um mundo novo e aconchegante
onde eu quero estar
esse mundo não existe
e a luta, a falta, a tristeza
persiste,
insiste
e resiste.
e a verdade é que no fim,
com seus amigos não se deve contar
nem com seus pais, nem com qualquer outra pessoa.
confie em si mesmo,
ponha-se no seu lugar
busque apenas o seu bem-estar
faça isso com as suas próprias mãos
e talvez assim, terá sua salvação.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Da Poesia Ao Pensamento


Meu amor, veja como está doendo!
Um buraco em meu peito
Sem fim, sem começo,
Somente um sentimento
Que com o passar do tempo
Venho sentindo um aumento.
Oh, mas quanto sofrimento...
Tamanho não é questão de documento?
Estranho, parece que alguém
Perdeu os argumentos
E vive agora apenas
Do som dos pássaros
Ao sabor do vento

E a noite vem adentro;
Delicadeza do relento;
Coisas que já estou sabendo.
Meu amor longe de mim
E o tempo passa,
Tão rápido, tão sedento
Talvez porque deste amor
Muita coisa eu só invento.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Autorretrato

Triste
Felizmente triste
Infelizmente triste
Tristemente assim
Nem tão assim...
Talvez,
De um jeito, de outro...
Simplesmente: Eu.

Feliz
Nem assim tão feliz
Nem tão feliz assim
Somente uma sensação de bem-estar
Algo me diz que tudo bem, vai ficar!
Só preciso ser,
Ser assim,
Só assim,
Simplesmente: Eu.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Toda Flor Morre Um Dia

Hoje sento sozinho na cadeira branca, observando as flores que cresceram no lugar do nosso falso amor. Antes sentávamos nós, aqui mesmo, em frente ao lugar onde agora estou. Trocamos moedas, trocamos palavras, não trocamos beijos. Isso ficou pra depois, num lugar não muito perto daqui. Hoje sinto ódio. Você me fez odiar este lugar, me fez odiar esses dias, me fez odiar algumas pessoas. Agora, que se dane tudo isso, já perdi mesmo... Mas confesso que um dia ainda vou ter que lhe perdoar, infelizmente.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quarto de Domingo

Domingo, ó domingo
Por que trazes tanta amargura?
Não sentes pena de meu coração?
Sou somente eu e a solidão
Sentado na cadeira em um quarto
Com o tempo passando em vão.
Raiva sem fim.
Como um grande pesadelo,
O dia amanhece,
O dia anoitece,
E o que eu fiz mesmo?
Nada.

sábado, 14 de julho de 2012

Chama-me Novamente


O quão tarde é agora? Quanto tempo eu já perdi? Quanto tempo falta pra acabar? Era inevitável, eu sabia. Desde que vi seus olhos podia ler neles o que ia acontecer. E sim, eu estava certo. - Como assim? – Me pergunto. Tento me entender, mas o que sinto não tem mais explicação, não tem como compreender. É um vácuo, um vão. Uma tremenda contradição. Como se eu sentisse um calor gélido que me atinge pela brasa ardente e gelada. Sentir não é mais o foco, é como se fosse uma sensação racional, ainda que sem explicação. Em cima disso tudo surgem dúvidas e a ideia de que talvez alguma coisa esteja errada (quando na verdade está mesmo). Talvez sim, talvez não. Dúvida ao acaso, dúvida ao certo e incerto, dúvida. Não quero me apaixonar, nem sinto que estou, mas me apeguei de tal maneira que já nem sei o que vêm amanhã. Apenas sei que isso não pode acontecer pelo simples motivo de que você não é a pessoa certa pra eu me apaixonar, e eu também não sou a pessoa certa pra te amar. É assim, simples assim, que o amor tenta se contradizer. Mas não vou deixar, não vou mesmo. Agora sinto frio, um tanto quanto solitário, sem café, sem doces, sem amor (mesmo sabendo que este me espera na porta, dependendo apenas de minha permissão pra entrar). Olho para o relógio e vejo que está tarde. Volto ao inicio do texto. Releio-o e não consigo interpreta-lo. Não consigo entender a mim mesmo. Não entendo mais nada.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O fim no Largo do Jardim


Meu irmão mais novo havia me dito certa vez que coisas estranhas aconteciam naquela casa verde ao fim da rua. Eu nunca acreditei. Será que ele estava mesmo certo? Procuro sinais, mas nenhum vestígio encontro. Era como se aquele local nunca tivesse sido habitado, mas ao mesmo tempo lembro-me de cada lugar como se fosse algo familiar. Tudo é muito escuro e a frágil iluminação que ainda resta parece se esgotar pouco a pouco. De repente ouço o sino da igreja tocar, e corro até lá. Ao entrar na igreja, o barulho parece estar vagarosamente parando. Sento-me em uma das cadeiras ao fundo, paro e visualizo as imagens. As imagens de santos e padroeiros não estão mais lá. No lugar delas há apenas a silhueta de seres que não parecem com nada real. E ao dispersar meu olhar dos quadros sinto a presença de alguém ao meu redor. Procuro em todos os cantos, mas não vejo nada, mas ao olhar para o meu lado esquerdo vejo meu irmão agachado no banco do centro, aparentemente chorando. Aproximo-me com cuidado para não assustá-lo. Lentamente estendo minha mão em tremores de medo até o seu ombro. Ao tocar o primeiro dedo sobre o seu ombro, ele vira-se e me deparo com um olhar assustador. Aquele não era o meu irmão. Saio correndo pela rua já deserta, e liberto gritos de pavor com intuito de encontrar ajuda, mas ninguém me escutava. Encontro um singelo barraco onde os homens de rua costumavam dormir nas noites frias de julho, e lá me acolho. Mal consigo dormir em conseqüência do frio e muito mais pelo temor.
 É manhã, o sol nasceu de um jeito diferente hoje. Saio daquele barraco sentindo na pele o odor forte e ruim deixado pelos homens pobres. Tudo ainda parece deserto, mas de repente vejo uma janela se abrindo na casa verde onde costumávamos pregar peças nos moradores. Aquela casa era propriedade de um gringo qualquer que a alugava todo o mês para um cliente diferente, e eu e meu irmão adorávamos incomodar os sempre novos moradores de lá. Corro em direção a casa, e entro sem bater. Ao entrar na cozinha me deparo com uma senhora cozinhando. Tento chamá-la, mas ela parece não me ouvir. Tento tocá-la, mas ao perceber minha aproximação, ela esquiva-se para longe de mim. Assento-me na sala em já em prantos. Em meio ao desespero, vejo um jornal largado em cima da mesa de jantar e o pego. Ao abri-lo, encontro na primeira página a seguinte manchete: “Menina é morta no Largo do Jardim e nenhum suspeito é encontrado”. A ficha finalmente caiu. Caminho alguns passos em direção do quarto da senhora. Entro. Visualizo o espelho. Aquela era a hora da confirmação. Dou mais dois curtos passos de olhos fechados, desta vez em direção ao espelho. Paro. Abro os olhos. Não vejo nada dentro do reflexo. Fico paralisada por alguns segundos. E em seguida apenas ouço a seguinte frase dita pela senhora: Bem-vinda menina, você está morta.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Porta

Uma, duas, três, quinze.
São quinze barras de ferro
Em volta, seu formato rústico.

Tem um vidro
Que ninguém consegue ver
E só os raios podem quebrar.

O arco mostra a paisagem
Duas flores mortas lá fora
Onde o frio embaça a vista.

Tente abri-la,
Tente sair,
Se abrir, não esqueças de fechar.
Se sair, não esqueças de voltar.

Aqui ou lá?


Quantas palavras amor,
Eu te diria
Se te tivesse aqui comigo.

Quantos beijos amor,
Eu te daria
Se te tivesse aqui comigo.

Quantos carinhos amor,
Eu te faria
Se te tivesse aqui comigo.

Quanta alegria amor,
Tu me trarias
Se estivesse aqui comigo.

Mas não está.

Quanta tristeza amor.
Eu sinto
Por não te ter aqui comigo.

Quanta saudade amor,
Eu sinto
Por não te ter aqui comigo.

Quanta dúvida amor,
Eu tenho
Por não saber se um dia te terei aqui comigo.

sábado, 28 de abril de 2012

O Frio - parte II

O frio chegou para congelar os corações alheios.
Solitários corações,
Que vivem amores temporários,
No fim murcham as flores, morre o amor,
São tantas ilusões e sempre a mesma dor.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Terno

Um terno sujo
Um tempo inexistente
Tempo passa rápido
Para o homem carente

Um terno sujo
Das folhas e da terra
Sem sentimento no coração
Coração vazio que te espera

Um terno sujo
De gravata molhada
Das lágrimas passageiras
Que deixei nesta estrada

Sentas agora ao meu lado
Digas o que por mim tu sentes
Limpas meu terno
E subitamente me beije.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Brinque de Mudar

Sabe quando a gente é pequeno e ganha um brinquedo novo e pensa que é o melhor brinquedo do mundo? Tudo muda pra você, as brincadeiras são novas, tudo é diferente. Mas aos poucos você vai se acostumando e vê que o brinquedo não é tão legal assim, que ele é mais simples do que você pensava e que pode quebrar, estragar.
Então você começa a brincar menos, com mais cautela. E o tempo passa, você enjoa de brincar com ele e de repente se depara com uma pilha de brinquedos velhos e chatos, e sente a necessidade de mudar. Você precisa de uma brincadeira nova.
Na vida também é assim, as coisas as vezes começam muito boas, tudo está dando certo, está tudo diferente, mas com o tempo tudo acaba ficando ruim e chato novamente. E agora estou cansado. Cansado das mesmas coisas, querendo mudar. O problema é que infelizmente não há mais o que mudar.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Degraus

Sempre me perguntam se sou feliz, se estou bem, mas na verdade ninguém liga pra isso. Ninguém liga se você por ventura estiver triste. Podem até dizer que ligam, só que entre você e a eles mesmos, bem... Não pense em mudar por conta dos outros, pense em melhorar por conta de si. Ninguém lhe conhece melhor do que você mesmo. As mudanças estão espalhadas por aí, a todo o momento, em todas as coisas e lugares. Menos em você. As pessoas não mudam, elas melhoram ou pioram. Apenas isso. Estes meus pensamentos secos têm me dado mais sabedoria pra lidar com os obstáculos da vida. Longe de serem a salvação, muito longe. Mas já fazem uma grande diferença. Sinto que amadureci de uns tempos pra cá, e que os tempos antigos não voltarão mais. Talvez a partir de agora eu tome atitudes concretas e corretas. Talvez.